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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

UMA TRISTE REALIDADE


Abaetetuba é o terceiro município paraense -só perde para Belém e Ananindeua- em números de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. De janeiro até a primeira quinzena de novembro deste ano, foram atendidos sessenta casos no Centro de Referência Especializado da Assistência Social. Essa triste realidade foi divulgada agora há pouco pela coordenadora do CREAS, Marley Sobrinho, durante um seminário que está discutindo o assunto (ler nota anterior sobre o tema).

Os maiores abusadores, ainda segundo os dados oficiais, são parentes ou conhecidos das vítimas. Ou seja, o inimigo está dentro de casa. E pensar que entre os algozes estão tio, primo, avô, vizinhos, e por aí vai. Até um pastor evangélico está sendo acusado de pedofilia. Entre os números absurdos dessa ciranda de horrores está a confirmação de que há quatro relatos de violência praticados pelo próprio pai da vítima. Desses sessenta crimes hediondos, 51 foram contra meninas e 9 contra meninos. Até agora, apenas uma pessoa está atrás das grades. Isso porque praticou três crimes dessa natureza em datas distintas. Se continuasse solto...

O município conta hoje com uma rede de enfrentamento integrada por 46 órgãos e entidades. Mas, por que esses altos índices desse tipo de barbaridade? A resposta, dizem as autoridades no assunto, estaria justamente nessa união de forças. Há tantos casos porque há muitas denúncias. Há muitas denúncias, porque só agora a população sente-se segura em procurar ajuda. Claro que o tema é controverso. Alguns concordam que a rede faz o que pode. E que a violência sexual contra criaturas indefesas sempre existiu. Só agora estaria sendo descortinada. Outros acreditam que falta mais ação.
No evento, a indignação esteve presente nas palavras da presidente da APAE, Marcela Parente, que chorou ao lembrar de um caso ocorrido contra uma criança da relação pessoal dela. "E que até hoje continua impune", informou Marcela, engrossando o coro de vozes que pedem justiça. Que nunca vem. A prefeita Francineti Carvalho revela que não consegue esquecer os dramas que vivenciou, dos tempos em que exerceu a psicologia na Santa Casa de Misericórdia do Pará. "Era o pior dos pesadelos atender crianças que sofreram toda sorte de horrores. Que foram submetidas às mais profundas dores físicas e, pior, dores que calam fundo na alma". Bestialidade que não encontra justificativa.

De todo modo, triste foi observar que, no seminário, faltaram representantes dos órgãos de segurança. Políca Militar e Polícia Civil lá não estiveram. As igrejas, católica, evangélica ou de outras denominações, também não. A Câmara de Vereadores? Não deu as caras. Sem contar outras entidades. Todos deveriam ter colocado na agenda, em letras garrafais:

HOJE TENHO COMPROMISSO COM A INFÂNCIA E A JUVENTUDE.


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