Dilé Costa é um dos mais conceituados cinegrafistas de Abaetetuba. Tem pelo menos uns dez anos de profissão. Passou por vários programas de TV. Atualmente, trabalha no Panorama. É acostumado a registrar cenas que comovem, que chocam, que emocionam. Estaria, portanto, preparado para qualquer situação atrás das câmeras. Só não contava com uma peça pregada pelo destino.
Nesta sexta-feira, Dilé virou o próprio personagem da notícia. Trafegava de moto pela D.Pedro II, a principal avenida de Abaetetuba, no final da manhã. De repente, viu alguém desesperado pedindo para que ele entregasse o veículo. Não resistiu diante de uma arma apontada para a cabeça. Acabara de ser abordado por um assaltante em fuga. O bandido só queria sair dali. A polícia estava em seu encalço. Tinha acabado de tentar, sem sucesso, assaltar uma farmácia. Desesperado, nem se importou com a câmera que Dilé trazia consigo. Foi aí que aflorou o instinto de repórter. O cinegrafista passou a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Viu quando o assaltante seguiu pela rua sete de setembro, caiu da moto em alta velocidade, já próximo do Tiro de Guerra. Ali, tomaria uma mulher grávida como escudo humano. A polícia continuava não dando trégua. De repente, a refém desmaia, o assaltante titubeia, passa a disparar a arma. Policiais respondem na mesma moeda. O bandido levou a pior. Acabou morto.
Esse foi mais um capítulo de uma novela que parece não ter fim. A trama da violência urbana, que se arrasta, sem que ninguém dê um ponto final nessa história!
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