Neste domingo (20), Vila de Beja homenageia o santo padroeiro São Miguel Arcanjo, nesta que é uma das mais antigas manifestações religiososas do Pará. A história começa com a chegada das primeiras missões religiosas à região, vindas no rastro da ocupação portuguesa na Amazônia. Padres capuchinhos e jesuítas percorriam as aldeias, catequizando os índios. Nesse trabalho, eles iam logo providenciando a construção de capelas e igrejas. Foi o que aconteceu com Beja. Ainda no tempo em que esse local se chamava Samaúma, lá pelo século XVII, foi construída a igreja de São Miguel Arcanjo. Assim, ao redor do templo, o que era aldeia foi se transformando em povoado.Uma das mais importantes reformas da igreja foi em 1884. Um fato tão marcante, que acabou eternizado na área frontal do prédio histórico.
"Seu" Miguel Brito, um dos moradores mais antigos de Beja, conta que antigamente a festividade era muito maior, apesar da vila ser muito menor do que é hoje. Isso porque, ele explica, o acesso à localidade só se dava pelos rios, em viagens que duravam dias. "Quem vinha para cá, ficava os quinze dias de festa". D. Dora, de 84 anos, é o emblema vivo da fé em São Miguel. Vizinha da igreja, ela teve toda sua vida interligada ao templo. "Aqui, me batizei; aqui me casei e aqui foram velados todos meus entes queridos", relata, do alto de uma lucidez impressionante, a senhora de cabelos brancos, duas vezes viúva e mãe de sete filhos. "Sou do tempo em que bandas de música tocavam no coreto da praça e corais entoavam cânticos em lugar reservado na igreja".
A propósito, o pai de D. Dora era um dos moradores de Beja mais dedicados à igreja. Há 41 anos, ele morria, um dia depois de ter iniciado a colocação do forro do templo. "Seu" Miguel, por sua vez, trabalhou na construção da atual torre da igreja, que não constava no projeto original.
O círio de São Miguel sai às ruas de Beja, na manhã deste domingo. A caminhada começa às 7 e meia no Castelo e termina na igreja.
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