Em julho do ano passado recebi uma mensagem que, de tão emocionante, resolvi publicar aqui no blog. O conterrâneo Washington Luís escreveu-me para contar que, servindo no Corpo de Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro, era para ele "uma grande satisfação" encontrar meu blog. Tratava-se de um elo com a terra natal. Mas no dia em que manteve contato, não estava em terras brasileiras. Escrevia lá do Haiti, onde estava servindo à missão de paz da ONU. Com orgulho incontido, relatara: "[...]gostaria de poder mostrar para o nosso povo abaetetubense que nós, filhos da terra, temos uma grande capacidade de conseguir nossos objetivos e poder levar solidariedade e esperança a essas pessoas que estão passando por grandes dificuldades. Nossa maior emoção foi quando tivemos que deixar nossos familiares". No mesmo espírito de altruísmo e saudade completara: "Sabemos o que teremos pela frente, mas estamos preparados. Vai tudo ocorrer bem e daqui a seis meses retornaremos com a consciência do dever cumprido.
De um verdadeiro abaetetubense que sente grandes saudades de sua terra e seu povo.... ".
Logo que as notícias sobre a tragédia haitiana correram o mundo, deparei-me nos sites de notícias com a relação dos militares brasileiros mortos. Entre eles, um certo Washington Luís. Imediatamente, liguei para os parentes do abaetetubense que me escrevera lá daquele paupérrimo país caribenho. Felizmente, não era nosso conterrâneo.
Agora, finalmente, recebo notícias do próprio Washington Luís. E compartilho com vocês um dos mais dramáticos relatos da realidade haitiana, na visão de um abaetetubense que conhece bem os horrores da miséria.
Meu caro Amigo Naldo Araújo, comigo se encontra tudo bem (GRAÇAS A DEUS), pois retornei do Haiti no mês de setembro, antes dessa grande catastrófe. Estou no momento embarcando alimentos e medicações para levarmos para o Haiti. Devemos retornar no dia 1º de fevereiro para o Rio de Janeiro e estarei logo em seguida viajando para nossa grande cidade de Abaetetuba, devendo chegar pelo dia 4 ou 5 de fevereiro. Pois saiba que agora no HAITI, nem um negro agora é miserável, porque nem um menino pergunta mais as horas, porque o tempo deixou de existir. Como é difícil presenciar uma mulher espremendo seus seios, com a esperança que possa sair uma simples gota de leite para poder alimentar seu filho faminto. Porto Príncipe agora resume-se a escombros, a hora já não existe mais e a vida passou a não existir mais. Agora no Haiti nem mais o céu respira, e nem DEUS faz o menor sentido para essas pessoas. Nenhuma frase de esperança será a solução para o Haiti, pois o Haiti de ontem, hoje é só cheiro de morte espalhado pelo ar. Todos nós, FUZILEIROS NAVAIS DA MARINHA DO BRASIL, que aqui estamos embarcando medicações, comida...e etc. fizemos um pacto, sabe? Vamos fazer a diferença aqui , não vamos simplesmente ficar de braços cruzados, olhando e esperando o tempo passar, vamos fazer a diferença e elevar o nome do nosso país e todos vão saber que existem pessoas que realmente se importam com a questão, por nós vividas em terras além-mar... Somos Brasileiros e sinto muito orgulho de ser um abaetetubense, muitas vezes não reconhecidos pelo trabalho que desempenhamos, mas não vamos deixar que tais fatos não coloquem a fortaleza da bondade em nossos corações. A humildade, o trabalho árduo pelos necessitados, que já desistiram de viver. Eles vão nos guiar e teremos nossas recompensas nos sorrisos daqueles que clamam por assistência de quem nunca viu, de quem não conhece..Nós que fazemos a MINUSTAH estamos irmanados como nunca, a poder fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que superemos essas dificuldades com Louvor....POIS AQUI ESTAMOS E FAZEMOS PARTE DA NOSSA GRANDE TROPA DE FUZILEIROS NAVAIS DA MARINHA DO BRASIL....
Grande Naldo Araujo,
ResponderExcluirGostaria que divulgasse no seu programa sobre esse nosso conterrâneo! Pois é com grande satisfação que recebo essa notícia de ter um representante nosso ajudando esse povo sofrido!
Atc,
Fábio Lima